A fórmula para garantir o público do surf feminino aínda não foi descoberta e a audiência continua muito baixa comparada a do surf masculino. No entanto, algumas regras universais do drama, servem para prender o espectador até o fim da história.
A etapa feminina do Billabong Pro Rio, reuniu alguns desses elementos dramáticos que tornam um campeonato emocionante até o final.
1- Duelo de titãs: Antagonistas, as aussies Stephanie Gillmore (líder do ranking) e Sally Fitzgibbons (segunda no ranking) teriam se encontrado na grande final se Stephanie, não tivesse caído nas quartas de final, diante de uma inspirada Coco Ho.
2 - Ressurge uma estrela: Acompanhada pelo pai, o lendário Michael Ho, a competidora Coco parecia "non-stopble" rumo á conquista da etapa. Vinda de uma série de resultados ruins, ela também lutava para recuperar a posição entre as top 10 do mundo.
3 - Fator surpresa: A novata do Hawaii Alessa Quizon, chegou devarzinho e foi ganhando destaque na etapa. A garota ganhou seu "wild card" (direito de participar como convidada do evento de elite) nas triagens da competição e mostrou que merece estar entre as melhores do mundo, perdendo apenas nas semi-finais para Coco Ho. Em sua participação meteórica, foi responsável por deixar o Hawaii com 3 representantes nas finais, que até então estavam sendo dominadas pela Austrália.
Alessa Quizon, Arpoador/RJ
A Semifinal Havaiana - Coco Ho X Alessa Quizon
Havia muia expectativa para essa bateria puramente havaiana. De um lado Coco Ho em alta performance. De outro a representante da novíssima geração Alessa Quizon, destruindo tudo o que via pela frente.
Alessa entrou disposta, imprimindo logo o rítimo, com um surf muito plástico. Sua posição como "wild card" a permitia surfar livremente, sem nenhuma pressão emocional. Mas Coco tinha o peso da responsabilidade de batalhar pela etapa para se manter confortavelmente no tour e acabou derrubando o estiloso "nada a perder" da novata com a manobra mais radical da bateria.
A Semifinal de Vice-líders - Sally Fitzgibbons X Carissa Moore
No ano passado, com Stephanie Gilmore fora da briga, Sally e Carissa foram antagonistas na briga pelo título do WCT 2011 que acabou coroando Carissa Moore como a primeira havaiana campeã mundial em 30 anos de história, desde Margot Godfrey-Oberg em 81.
Agora em 2012, as duas continuam na briga pelo título, sendo Sally em segundo e Carissa em terceiro, com Stephanie na liderança.
Carissa Moore, quebrando tudo!
Foi a bateria mais tensa até então, com Carissa tendo basicamente sua última chance de encostar em Sally e disputar o bicampeonato mundial. Sally por sua vez, precisava da vitória na etapa para literalmente colocar a sua compatriota Stephanie Gilmore contra a parede e conquistar uma posição muito próxima do tão sonhado título.
Carissa demonstrou calma, jogando manobras extremas liderando a bateria por um bom tempo com duas boas ondas na casa dos 7 (7.33 e 7.83). Sally buscou encontrar as ondas certas surfando no seu estilo super clean, o que lhe deu a maior nota da bateria, um 8.
A nota foi insuficiente para bater Carissa, mas a deixava vulnerável pois Sally aínda tinha a chance de trocar um 5.33, tarefa nada impossível para miss Fitzgibbons que logo encontrou uma onda da série e conseguiu virar o jogo, avançando para a final com Coco Ho.
A Final - Hawaii X Austrália - Coco Ho X Sally Fitzgibbons
Sally impediu a final havaiana entre as amigas Carissa Moore e Coco Ho, mas passou um sufoco na final com Coco Ho segurando a vitória com um high score (8.43). Faltando apenas 8 minutos para o fim, Coco usou erroneamente a sua prioridade para surfar uma onda que não foi suficiente para trocar um 5.40 e deixou Sally com a prioridade que ela usou faltando 3 minutos para o final onde conseguiu uma onda grande o suficiente para dar o troco em Coco, com um high score á altura e garantir sua vitória na etapa.
A grande vitória
A vitória de Sally no Billabong Pro Rio, foi um resultado estratégico na definição do título feminino, de 2012. Com a conquista dessa etapa, Sally mostrou ter foco de campeã, encontrando a líder Steph no topo (que estava isolada na liderança do WCT) faltando apenas duas etapas do fim da temporada e selando assim, a rivalidade "homem a homem" entre a dupla australiana, na disputa pelo título mundial de 2012.
Mas além da disputa acirrada pelo título, existem muitas surfistas boas quebrando no tour, a maioria com surf o suficiente para vencer uma etapa. Faltam duas etapas até o fim da temporada 2012 feminina e muita coisa pode acontecer.
Além disso, várias surfistas brilham em uma só etapa do mundial, como essa do Rio onde se destacaram Sally, Coco, Carissa e Alessa, mas tiveram outras performances geniais como a da americana Lakey Peterson que teve a nota maior do evento, Steph Gilmore e Laura Enever em grande estilo, e a francesa Pauline Ado, comemorando sua melhor participação no tour em 2012.
Afinal, mais do que uma grande vitória, o publico quer uma grande história!
Matéria Cassia Bianco, fotos Zeca, produção Letícia Portella, especial para Surfing Moon surfmag
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